quinta-feira, junho 01, 2006

Barreiro Cáustico - Auditoria política à CMB

Pois é, desenganem-se aqueles que tinham tomado o silêncio do Barreiro Cáustico, em relação ao resultado da auditoria à CMB, como um dado adquirido.

Na verdade, o que hoje propomos aos nossos ilustres e assíduos (e)leitores, é que nos acompanhem num pequeno exercício de observação lógica, e dizemos lógica e não técnico-financeira porque conhecemos as nossas limitações e admitimos serem muito “parcos” os conhecimentos que detemos sobre tais matérias...

Por outro lado consideramos que, ao manter esta apreciação apenas ao nível da crítica objectiva do “cidadão comum”, não nos arriscaremos a que, de hoje para amanhã, surjam os habituais comentários do estilo “quem tem unhas é que toca guitarra” que apesar de estarem bastante “ferrugentos” e estafados, não deixam de ser reflexo de um profundo conhecimento técnico da sabedoría popular barreirense.

Assim e porque “a César o que é de César” e “aos bons cidadãos comuns o que é de bom senso comum”, cá vai a nossa opinião baseada, não nas contas da CMB, mas sim nas reacções dos diversos partidos ao referido relatório ...

Depois de diversas e opurtunas “fugas antecipadas de excertos do resultado da auditoria para os média nacionais”, houve finalmente uma pseudo-reacção da Câmara aos resultados da referida auditoria, efectuada através de uma conferência de imprensa realizada apenas com os eleitos da CDU, na qual nem a presença de técnicos da autarquia (funcionários públicos, portanto), foi suficiente para disfarçar a incapacidade de distinguir o que é o partido e o que é a Camara Municipal.

Depois disto surgiram as reacções do PS e mais tarde do PSD também, sendo que à data em que este “post” foi escrito ainda não tinha chegado ao nosso conhecimento qualquer reacção dos outros partidos.

Caracterizemos então estas reacções:

Reacção do PCP:
“Casa roubada, trancas à porta”

Básicamente o PCP assumiu a postura da vitima, dos coitadinhos, da formiguinha que viu a malandra (para não lhe chamar outra coisa) da cigarra entrar no celeiro que pensava ser só seu e alambazar-se.

Na realidade é fácil de perceber pelas declarações do Presidente da CMB, que nunca lhe passou pela cabeça que esta auditoria servisse para mais do que conhecer as ilegalidades existentes e que nunca foi ou será sua intenção repor a legalidade, pois percebe-se que ele não está disponível para defender o “bem público” e exigir em tribunal, aos eventuais responsáveis pelas referidas ilegalidades, que estes viessem a indemenizar a CMB pelos prejuizos causados.

O referido relatório também menciona que foram detectadas inúmeras irregularidades processuais, isto dito assim até passa despercebido, mas dita-nos o bom senso que entendamos que a tradução desta frase é: Houve negligência, incompetência, má-fé ou pior por parte dos funcionários que tratam do processamento das referidas despesas, no entanto e que se saiba, o Presidente da Câmara não ordenou nenhuma diligência de averiguação sobre quem seríam os taís funcionários que básicamente teríam a responsabilidade pelo processamento das ditas despesas.

Aqui faço uma ressalva, não acredito que esses funcionários possam ter sido alvo de coacção por parte de quem estava no poder para processarem de forma ilegal os ditos processos, senão a bomba já tinha estoirado...

Assim sendo, podemos afirmar que ao PCP não interessa encontrar os responsáveis reais, mas sim:
Poder continuar a desgastar politicamente o maior partido da oposição.

Manter em simultâneo a postura da vitima bem intencionada, que se não faz mais não é por não saber ou não querer, mas sim porque não pode, o que lhe permite continuar a dar um correctivo e uma lição aos Barreirenses por estes terem tido a leviandade de ter colocado outro partido no poder.

Esta situação também abre as portas para a redução das despesas com o pessoal (como é obvio não vão despedir ninguém que tenha cartãozinho do partido, mas vai dar um “jeitaço” para pôr a “casinha” em ordem e bem controlada).



Reacção do Verdes:
“Só faz falta quem cá está”

Verdes?!?!
Quais verdes???
Há! sim, os Verdes... acho que tenho um primo que diz que um dia viu um...
...Mas toda a gente sabe que eles são como os Pilhões....


Reacção do PSD:
“Sol na eira e chuva no nabal”

O PSD, também conhecido como o partido que está sempre no poder no Barreiro, assumiu uma interessante posição política através do seu comunicado oficial, que não foi nada mais nada menos, que a de não assumir qualquer posição politica.

Na realidade o PSD optou apenas por questionar a validade técnica do relatório e com isso ganhou espaço para não tecer nenhuma autocrítica política ao executivo liderado pelo PS, no qual o PSD também tinha um vereador com pelouro (à semelhança do que continua a acontecer hoje em dia com o pelouro do ambiente nas maos do PSD).

Salva-se neste comunicado a subtil “nuance” relativa à existência de eventuais responsabilidades ao nível das questões processuais, que nós sabemos serem da responsabilidade dos técnicos da autarquia (dos funcionários, portanto).
Mas não se pense que há aqui qualquer vontade de apurar quaisquer responsabilidades.


Reacção do PS:
“Quem vai à guerra dá e leva”

O PS sente-se uma vitima deste processo de auto-vitimização criado artificialmente pelo PCP.

No seu comunicado, quatro dos cinco eleitos do PS que passaram pelo poder no anterior mandato, referiram que a herança ao nível da dívidas já tem “barbas” e que a responsabilidade por boa parte do endividamento ocorrido no seu mandato decorre da herança financeira deixada pela gestão CDU que os antecedeu, por outro lado o PS reagiu e contra-atacou exigindo que seja realizada nova auditoría em 2009, para que nesse momento se possa avaliar a gestão do actual executivo comunista.

Além do já referido o PS acusa o actual executivo de falta de honestidade política, de manipulação de resultados tendo em vista a criação de um cenário catastrófico e também da filtragem da informação passada aos munícipes.

Por fim, também o PS não põe em causa os funcionários da CMB que tinham por responsabilidade técnica garantir o cumprimento da lei no que diz respeito à despesa pública, pelo que se presume (pelo menos para já) que não haja razão de queixa....


Em função disto é fácil de compreender que os responsáveis por quaisquer ilegalidades ou irregularidades ocorridas no passado da CMB só serão julgados em sede política, isto no caso de os visados serem políticos, porque senão nem esse tipo de julgamento os afectará...

Mas, já agora que ninguém nos está ouvir, digam lá se acham mesmo que esta auditoría foi financeira ou se... pelo contrário... consideram... que na realidade foi política?
Links a visitar:

View blog reactions