terça-feira, outubro 31, 2006

Barreiro Cáustico – O Défice... 1ª Parte



Aqui à tempos, Jorge Sampaio afirmou que “Há vida para além do défice”.

Esta frase acabou por se tornar célebre e muito grata ao Partido do Costume, que se serve dela como “chavão” para atacar todas as tentativas de redução da despesa pública preconizadas pelo Governo...

E o que dizer da Câmara do Barreiro, agora que passou um ano, desde que os comunistas tomaram posse assumindo os destinos da autarquia?

Será que há vida para além do défice das contas municipais?

Será que os comunistas conhecem e praticam outras formas de gerir os dinheiros públicos, em que os números não sejam mais importantes que as pessoas?

E os outros défices de que o Barreiro sofre à 32 anos?



E já agora, o que é o défice?
Alguém sabe?


Na minha humilde opinião (que não sou economista), o défice ocorre sempre que uma qualquer entidade gasta acima das suas potencialidades de gerar receitas que cubram as despesas (este conceito é aplicável quer se trate de uma pessoa singular, de uma familia, de uma empresa, de um clube, de uma Câmara, de um País, etc...).

Normalmente (e talvez com excepção para o Alberto João Jardim, que até ao orçamento de estado de 2007 parecia ter dinheiro para tudo) ninguém tem à disposição todo o dinheiro que precisa e é por isso, que é normal que se recorra a empréstimos bancários para garantir o financiamento imediato de coisas que serão pagas a prestações, com juros e de forma diluída no tempo.

Esta solução, apesar de ser necessária e útil, tem um senão que é o facto de criar uma situação de endividamento que se prolonga até à conclusão do pagamento integral do valor em dívida ,por exemplo, os 30 anos de pagamento prestações ao Banco, relativos ao Empréstimo que a maior parte de nós tem de contrair para poder adquirir Habitação Própria.

Ora este endividamento, também ele próprio contribui para o agravamento das despesas fixas e se por acaso continuar a crescer desmesuradamente e vier a ultrapassar a capacidade que se prevê de gerar receitas para o pagar, então ocorrerá é uma situação grave de défice que conduzirá a uma espiral de endividamento ou até, numa situação extrema de incapacidade para pagar as dívidas, à banca-rota.

Na verdade, perante uma situação de défice, só existem duas opções de resolução:
Aumentar as receitas ou (preferencialmente) diminuir as despesas, ou ambas.


É assim que qualquer pessoa faz, se verificar que não tem dinheiro para pagar todas as contas e souber que pedir emprestado ao banco apenas permite adiar o problema no tempo, conduzindo inevitávelmente ao seu agravamento...
(até porque os bancos só emprestam até ao limite da nossa capacidade de endividamento, que é medido através da taxa de esforço).

Qualquer pessoa, quando confrontada com uma situação destas, tenta por um lado ganhar mais dinheiro, seja através do seu trabalho, seja através da venda de bens (o que infelizmente só dá dinheiro uma vez) e por outro lado faz contas à vida e tenta perceber como é que pode poupar nas despesas de consumo e por exemplo, deixa de fumar.

Ora, foi isto mesmo que José Sócrates fez ao perceber que não havia dinheiro e que não podia endividar mais o País pois sería multado pela UE.

Sócrates optou, numa primeira fase por aumentar as receitas (leia-se Impostos) e numa segunda fase por diminuir as despesas, cortando nos vícios (leia-se regalias desmesuradas para alguns carteis/corporações sociais).

A partir desse momento, o PCP (através da sua célula sindical CGTP), iniciou uma acção de propaganda (com greves, manifs, protestos, etc) visando desgastar o Governo, afirmando que Sócrates tinha mentido pois, (ao contrário das suas promessas eleitorais), tinha aumentado os impostos e que estáva obcecado com o défice e os números, não dando a devida importância às pessoas.

Diga-se de passagem que hoje em dia, me parece que, também existem muitos socialistas que já “compraram” esta linha de argumentação fácil e simplista do PCP.

No entanto Sócrates e a sua equipa têm um crédito em toda esta situação e que é o facto de ao contrário dos seus antecessores do PSD (e com particular enfase para Durão Barroso) nunca ter embarcado no discurso da “tanga”, ter arregaçado as mangas, ter feito opções, ter traçado um caminho e ter avançado com medidas no terreno sem ter medo da sua impopularidade (medidas essas que só o futuro demonstrará se estão certas ou erradas).

Em suma, Sócrates demonstrou ter o que já não se via à muitos anos nos timoneiros deste país:
Coragem e Determinação




E no Barreiro, agora que já que passou um ano desde que os comunistas tomaram posse assumindo os destinos da autarquia, o que foi feito por Carlos Humberto e pela sua equipa para ultrapassar a grave crise financeira em que a Câmara se encontra mergulhada?


Esta e outras respostas ficam para o post que se segue...
Não perca as “cenas dos próximos capítulos”.... a 2ª parte será publicada muito em breve

(Continua)



Deste, agora em grave dívida para convosco,
Barreiro Cáustico



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sexta-feira, outubro 20, 2006

Barreiro Cáustico – A Participação e os Partidos Conservadores


Hoje, no Parlamento, foi debatida e votada favoravelmente (por maioria), a proposta de realização de um Referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) até às 10 semanas.

Para não variar, os principais partidos conservadores representados votaram contra e são as posturas desses partidos que vamos agora analisar:

CDS
Como já vem sendo habitual sempre que se fala de IVG, o CDS começou por tentar lançar o caos e a confusão baralhando os conceitos e mistificando o debate com falsos alarmismos, para depois tentar fazer passar uma sabotagem linguistica à questão a ser colocada aos portugueses no referendo, com a qual pretendia substituir as palavras “despenalizar” por “liberalizar” e “IVG” por “aborto” (muito inocente... não acham?).

O CDS votou contra a realização do Referendo invocando não concordar com o teor da questão a colocar aos portugueses.

Na realidade o CDS votou contra o referendo, não por causa da versão do texto relativo à questão a referendar, mas sim porque este partido está com a “fézada” de que esse é o desejo de um eleitorado pretensamente conservador, eventualmente rural e católico-fundamentalista, sendo que é nesse mesmo eleitorado que este partido encontra (e espera reforçar) a sua base eleitoral.


PCP
O PCP, seguindo a sua tradição (que na realidade também é) conservadora, votou contra a realização do referendo, com o argumento de que a AR não tem nada que consultar os portugueses, devendo legislar automáticamente porque tem poder para o fazer.

É triste...

É triste que o PCP não queira que o referendo se realize e não queira conhecer a opinião da maioria dos portugueses sobre esta matéria.

É triste que o PCP tenha tão pouca consideração pela possibilidade de os cidadãos portugueses participarem livre e individualmente num referendo e com isso expressarem de forma directa se consideram que a lei deverá ser, ou não ser, alterada.

É triste que o PCP, (mesmo sendo uma força política claramente minoritária na sociedade portuguesa), persista na tentativa de imposição da ditadura da vontade do seu colectivo militante, a todos os portugueses.

É triste que o PCP, nos fale sempre em tom libertário de “Rupturas Democráticas” e pratique sempre, mas mesmo sempre e da mesma forma arrrogante, a RUPTURA com a DEMOCRACIA, tentando roubar-nos, por todos o meios, o poder de intervir directamente nas decisões tomadas nos orgãos de poder.

É triste que no Barreiro, O PCP nos “lave os cérebros” com campanhas de marketing político tipo OPÇÔES PARTICIPADAS, nas quais, são permanentemente invocados valores como o reforço da cidadania, ou a participação, para depois, na Assembleia da República e pelas nossas costas, nos tentar sonegar o nosso direito supremo de participar enquanto cidadãos portugueses. ...e esse direito chama-se Referendo.



Cumprimentos muito livres e totalmente democráticos,
Barreiro Cáustico


PS - Quase me esquecia... OS VERDES também votaram contra a realização do referendo e a título de argumentação repetiram exactamente o mesmo discurso do PCP (mas isso já não é novidade para ninguém, pois não?)


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domingo, outubro 08, 2006

Barreiro Cáustico Participado – Ouvir para Compreender



É sempre uma experiência muito interessante quando o autor de um blog lê os comentários, que são feitos, relativamente aos seus posts. Saber ouvir essas reacções ajuda-nos a sentir, não só a diversidade de formas como somos entendidos, como também quais as expectativas que os leitores têm relativamente àquilo que escrevemos...

Por mim, confesso que modéstia à parte, fiquei feliz ao ler os dois comentários (do JR e do Zé do Barreiro) que foram efectuados ao post anterior, primeiro porque me parece que o objectivo deste blog está a ser perfeitamente compreendido por quem o lê e em segundo lugar e muito mais importante que tudo, percebi que o Barreiro Cáustico desperta, em quem o lê, uma expectativa de verdade, de civismo e de rigor.

É a bem dessa mesma verdade, desse civismo e desse rigor, que faço questão de republicar e comentar, na página principal deste blog, o teor dos comentários acima referidos, até porque nada mais nos move senão a procura da desmistificação e da verdade.


JR said...

Boa noite, desejava só dar um pequeno esclarecimento em relação ao ponto 10º sobre a votação realizada e aprovada por unanimidade a mesma realizou-se na sessão de câmara pública em Santo António da Charneca e o vereador joaquim matias não esteve presente na mesma, sendo substituido por outro elemento da lista da cdu. Quanto ao restante não vou de momento tecer qualquer comentário.

Quarta-feira, Outubro 04, 2006 11:20:52 PM

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Zé do Barreiro said...
BC,
Apenas uma pequena nota: Se todos quisermos ser rigorosos – e sei que o BC faz todos os esforços para o ser – terá de se fazer um esclarecimento, repondo, de alguma forma, a verdade e a justiça sobre este assunto.
Quando a construção do “Mausuléu” – porque parece que é mesmo !!! – foi autorizada e aprovada, o actual vereador JM não pertencia a qualquer órgão autárquico no Barreiro.
Era apenas um Cidadão.
Este esclarecimento não significa, de todo, que esteja a defender o JM – e para mais o Zé do Barreiro … - mas será conveniente saber-se o que realmente aconteceu sobre aquela habitação e sobre o seu proprietário.
Quanto ao IMI, este ponto ficou para ser apresentado e discutido na próxima A.M. a realizar no dia 10 de Outubro, juntamente com a discussão das Finanças Locais. Vai ser “quentinha” essa Assembleia, ah isso vai …
Cumprimentos,
Zé.
Sexta-feira, Outubro 06, 2006 11:26:39 AM

Relativamente a estes comentários, quero referir, que nem sequer me preocupei em verificar a veracidade do conteudo dos mesmos, pelo que os tomei por verdadeiros a ambos.

No que diz respeito ao primeiro comentário, agradeço o esclarecimento efectuado pelo JR, que nos permitiu ficar a saber, em definitivo, que o vereador em questão não participou na votação em causa, tendo sido substituido por um seu camarada. E os amigos... são para as ocasiões.

No que diz respeito ao segundo comentário, o nosso amigo Zé do Barreiro deu provas de que é o tipo de pessoa que (tal como o Barreiro Cáustico) se esforça por pugnar pela verdade, pelo rigor e pela justiça, mas permita-me que lhe diga (meu amigo), que após ter tornado a ler o meu post anterior, não encontrei nele qualquer afirmação que permitisse deduzir que a pessoa em causa tivesse sido benificiada (no que diz respeito à construção da sua casa naquele local) em virtude de qualquer cargo autárquico que o mesmo ocupasse, mas já agora fica a questão que nunca terá resposta:

E se esta situção, em vez de se ter passado com a pessoa em causa, tivesse ocorrido com um outro “cidadão comum” qualquer (um que não pertencesse ao PCP, nem estivesse na calha para eventualmente vir a ser, um dia no futuro, o candidato do PCP a presidente), será que o projecto daquela “coisa”, para aquele local, era aprovado à mesma?

Na realidade eu limitei-me apenas e por um lado a constatar, aquilo que outro munícipe referiu em carta aberta e por outro lado, qualifiquei o autarca em causa como um “sortudo”, porque agora pertence ao grupo dos Cidadãos e Empresas que pagarão menos 30% nas taxas.
No entanto entendo que é bom que quaisquer dúvidas fiquem dissipadas e agradeço que o Zé (ou qualquer outro leitor) me chame à atenção, sempre que entender ter encontrado alguma falha, erro ou incorrecção da minha parte.

Obrigado uma vez mais,
Barreiro Cáustico


P.S. - Quero deixar bem claro, que em momento algum este blog serviu ou servirá como veículo para ataques pessoais, calúnias, mentiras ou manobras tipo “paparazi” que venham trazer a público a vida privada de quem quer que seja...
....Mas quero também reafirmar que, as coincidências são coisa rara na vida, pelo que, sempre que encontrarmos coincidências “a mais”, não deixaremos de as relatar e comentar.

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